domingo, 12 de outubro de 2014

IV

 "Isso vai acabar", ela repetia essa frase constantemente em busca do fim dos seus problemas, ela se sentia atordoada, disposta a dar um fim nisso, ele reclamava, ela não conseguia ouvir, ela chorava, ele não compreendia, ela se sentia angustiada, atordoada, só pensava em acabar com os problemas dele, dela, deles. Ele dizia que ela era o problema, ela não pensava em outra solução, a dor só aumentava, ela sentia como se chovesse dentro dela mas não era uma simples chuva, eram verdadeiras tempestades. Ela queria apenas ser compreendida, ele criticava, ela queria silêncio, ele falava, falava, falava mas ela não entendia, aquele dia a tempestade estava forte demais, haviam problemas demais, os gritos de outrora ecoavam na mente dela, as lembranças, o medo e a revolta só aumentavam, e então ela pensava "isso vai acabar, está muito perto de acabar" o que eles não sabiam era que realmente estava, muitíssimo perto, porém não se importavam, ninguém sabia, ninguém percebia, a chuva era apenas dentro dela e não transparecia, ela estava cansada de se forte e resolver os problemas do mundo, ela queria alguém que resolvesse ou apenas ouvisse os dela, mas ela não queria falar, ela queria compreensão mesmo com o silêncio, então ela só pensava em acabar com tudo, ou solucionar, ou acabar, ela não sabia ao certo, estava confusa demais, então há exatos 34 dias depois ela caiu, sem voltas, sem arrependimentos, sem saber o que lhe esperava ela simplesmente caiu, ali para que todos vissem, ela nunca soube o que aconteceu depois, ela sequer pode imaginar, apenas foi.